Tudo o que Desejamos: ótimo representante do atual cinema francês

De em setembro 25, 2012

Marie Gillain e Vincent Lindon são os juízes Claire e Stéphane que defendem uma vítima dos abusos de financeiras

Sou fã do cinema europeu, seja da Itália, França, Espanha, Suíça, Alemanha ou Inglaterra. E quando filmes do velho continente — de sucesso e prestígio reconhecido pela crítica e pelo público — estão em cartaz por aqui, a alegria é ainda maior! E a França tem nos enviado excelentes representantes da atual safra: depois de Intocáveis , estreou na semana passada Tudo o que Desejamos (Toutes nos envies), do diretor Philippe Lioret.

Roteiro

Com roteiro de Emmanuel Courcol baseado no romance D’autres vies que la mienne (“Outras vidas além da minha”) de Emmanuel Carrère, o filme traz duas grandes discussões. A primeira questão é sobre o processo que a jovem juíza Claire, vivida por Marie Gillain, recebe no tribunal de Lyon em que financeiras cobram dívidas de Céline (Amandine Dewasmes). Claire em seu julgamento dá ganho de causa para a jovem, contra os abusos cometidos pelas financeiras. Como é uma luta que envolve poderosos do sistema financeiro, Claire é afastada do caso, mas ela pede que o veterano juiz Stéphane, interpretado por Vincent Lindon, assuma o processo. Juntos eles apelam às instâncias superiores (inclusive ao Tribunal de Justiça da União Europeia) na defesa da cliente.

Cartaz do filme dirigido por Philippe Lioret

Em paralelo ao processo contra as financeiras francesas que cobram juros abusivos e extorsivos — não só na França, aqui bem sabemos o que é cair nas garras de financeiras! —, outro drama divide as atenções do espectador. É que Claire, depois de fortes dores de cabeça, fica sabendo que é portadora de um tumor cerebral e tem pouco tempo de vida. Ela, mãe de dois filhos pequenos, resolve omitir esta informação do marido, vivido por Yannick Renier, e só depois de sofrer convulsões e ser encaminhada ao hospital por Stéphane é que conta sua real situação. Tudo por que não quer se submeter aos tratamentos invasivos, já que seu caso é irreversível e tem pouco tempo de vida.
Aí está outra polêmica de Tudo o que Desejamos: o direito do paciente de assumir os riscos do tratamento, em casos de doenças graves e sem perspectivas de cura. Questão relevante e que acabou de ser tratada pelo Conselho Federal de Medicina aqui no Brasil: a resolução 1.995 estabelece os critérios para que o paciente possa definir com o médico quais os limites de terapias na fase terminal.

O juiz vivido por Lindon entra em atrito com o marido de Claire, interpretado por Yannick Renier

No filme a personagem central recusa-se ao tratamento e toma a decisão sem ao menos consultar o marido. Com sensibilidade e sutileza, o diretor tratou do assunto sem pieguice ou apelação. O espectador envolve-se com a luta jurídica enfrentada por Claire e por sua batalha pela vida.
Sensível e impecável!

Fotos: divulgação


2 Comentários

Imad

setembro 28, 2012 @ 22:40

Resposta

Olá, Mau! Assisti ontem ao filme e saí da sessão bastante satisfeito com a história sensível sem ser piegas e com o soberbo trabalho do par principal, com destaque para o Vincent Lindon, em cujas expressões se percebem tantos sentimentos, um caráter e um carisma que nos fazem entender por que é tão querido por Claire e pelos atletas que ele orienta. Filme maduro e triste, mas de uma tristeza terna. Também recomendo!

Maurício Mellone

setembro 29, 2012 @ 14:24

Resposta

Imad:
E vc, da área jurídica, deve ter gostado ainda mais.
Além do drama pessoal de Claire, o enredo mostra a atuação
dos juízes e envole a todos
abr

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